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terra mestiça

"Fecho os olhos, abro o coração e os ouvidos a todo o brilho da voz, dos ventos, das cordas e das sementes. É assim que, rodeado de arranjos musicais que abraçam a alma, de canções antigas, ou novas, que tímidas esperam o dia em que se tornarão tradição, ouço “Terra Mestiça”, a mais recente obra do Espírito Nativo, e deixo-me viajar, ainda que brevemente, para um mundo mais agradável e menos doloroso."

Marta Gómez (cantora e compositora colombiana)

Jacqueline Mercado – voz

Rui Meira – guitarra, charango, “cuatro” venezuelano, flauta, clarinete, flautas andinas, adufe.

Ricardo Quinteira – guitarra, “tres” cubano, percussão.

Edison Otero – trompete, “gaita” colombiana, percussão.

Luís Filipe Martins – contrabaixo

 

Músicos convidados:

Beatriz Díaz - voz

Rob Curto - acordeão

Apresentação por Daniel Schvetz, pianista e compositor argentino:

"Para falar deste novo trabalho e proposta do Espírito Nativo, projecto que nasce pelas mãos da Jacqueline e do Rui, será necessário lembrarmo-nos da década de 70, época em que houve momentos em que todos os países do México para o Sul, incluindo o Brasil, tinham governos militares. Não será este o local para discutir as várias causas mas, o que é facto, é que se gerou um movimento de contracultura importante.

O tropicalismo no Brasil (em especial, Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso, Maria Bethânia, entre outros), a Nova Trova Cubana e, de forma paralela, o que na Argentina, no Uruguai e no Chile se chamou a “Proyección Folklórica” têm como base de sustentação a fusão, uma fusão real e viva, em que os elementos genéticos dos diferentes ritmos característicos, tanto na componente harmónica, como na componente tímbrica, no texto, na sugestão própria de cada expressão, mantinham as suas características, mas com ligeiras mudanças de aspecto.

Falamos do Joropo venezuelano, do Samba e Bossa Nova brasileiras, das Cuecas chilenas, bolivianas e argentinas, do Huayno (tão interessantemente tratado pelos grupos chilenos Quilapayún ou Inti-Illimani), da Chacarera, Zamba ou Carnavalito na Argentina com “Chango” Farías Gómez ou com Cuchi Leguizamón, ou da esplendorosa mexicana Amparo Ochoa ou o grupo Los Folkloristas.

E é precisamente esta marca, a da “Fusão”, aquela que se nos apresenta de forma impactante neste novo material discográfico, Terra Mestiça, com um especial cuidado, justiça será dize-lo, no texto, na palavra, seja esta falada, e de diversas formas, com imensas e verdadeiras “modulações” tanto expressivas como tímbricas, em forma pendular do Espanhol ao Português, depois ao quase-creoulo e volta, agora ao Castelhano...

Quando ouvimos o Drume Negrito, aparece-nos à frente a figura de Bola de Nieve, esse imenso e irrepetível intérprete das diversas estéticas cubanas, os arranjos de vozes em Menino do Bairro Negro levam-nos, por vezes, aos transparentes sons dos brasileiros MPB4, harmonias fluentes que nunca interferem no discurso. Difícil será não nos lembrarmos de “Los Folkloristas”, intérpretes de referência dos anos 70/80 mexicanos, em La Llorona, com uma nostalgia serena e genuína. Por fim, aquele ambiente e mundo da chamada música andina, misteriosa, às vezes trilhada e maltratada, não será este o caso, sem dúvida, o Charango diz o que tem para dizer, com sons de alturas e paisagens insondáveis “Que expandes tu canto en la puna...”, misteriosa Puna, de Carnavales, Huaynos e Chayas, as palavras em Castelhano ditas musicalmente de forma sincera e sentida."​

CRÉDITOS

Direcção – Rui Meira e Jacqueline Mercado

Gravação, mistura e masterização – Ricardo Quinteira

Arte gráfica – Mariana Soares

Fotografia – Enric Vives-Rubio

Produção – Rui Meira

Ⓛ SPA 2015

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